A UN-Habitat ou agência das Nações Unidas para o desenvolvimento urbano sustentável, cujo foco principal é lidar com os desafios impostos pelo rápido e voraz processo de expansão urbana em países em desenvolvimento, vem desenvolvendo abordagens inovadoras no campo da arquitetura e do urbanismo, centradas nos usuários e nos processos participativos. Pensando nisso, o ArchDaily se associou a UN-Habitat para trazer notícias semanais, artigos e entrevistas que destacam neste setor, disponibilizando conteúdos em primeira mão e direto da fonte.
Conforme estimativa publicada pelas Nações Unidas, as 440 cidades que mais crescem em países de economias emergentes serão responsáveis sozinhas por quase metade de todo o crescimento econômico mundial até 2025. Isso significa que, se bem executado e gerido, o processo de urbanização destas cidades “poderá ser transformador, criando novas oportunidades de empregos, reduzindo a pobreza e melhorando a distribuição de renda e infra-estrutura além de promover a qualidade de vida de seus habitantes”. Neste contexto, o Programa das Nações Unidas para o Futuro das Cidades, ou Global Future Cities Programme (GFCP), é uma ferramenta concebida para ajudar estes países a encontrar o caminho certo. Com base em princípios de planejamento urbano sustentável, mobilidade e resiliência urbana, o programa foi pensado para operar como uma forma de “assistência técnica que procura incentivar o desenvolvimento urbano sustentável assim como promover a saúde econômica e a prosperidade das cidades em desenvolvimento e expansão urbana, ao mesmo tempo que procura atenuar os altos níveis de pobreza—característica muito comum nestes contextos”.
É incontestável que muitas das cidades que mais crescem no mundo hoje enfrentam grandes desafios. Problemas históricos e estruturais devem ser resolvidos antes de se pensar em um futuro desenvolvimento urbano sustentável. Mas esta não necessariamente deve ser a regra. Pensando nisso as Nações Unidas decidiram criar o GFCP, um programa financiado pelo Fundo para a Prosperidade, o qual foi estabelecido pelo governo do Reino Unido em 2015 com a principal intenção de promover o desenvolvimento econômico em países emergentes, como o Brasil, a Indonésia, a África do Sul e o Peru. Atualmente o programa inclui 30 projetos em desenvolvimento em 19 cidades de 10 países diferentes—incluindo Belo Horizonte e Recife. Fundamentalmente operando como uma rede internacional de assistência técnica estratégica para as cidades, o Programa para o Futuro das Cidades das Nações Unidas procura fomentar o “desenvolvimento de projetos urbanos estratégicos e sustentáveis, o estabelecimento de sistemas integrados de mobilidade assim como a adoção de estratégias específicas para lidar com as mudanças climáticas e desastres ambientais”. Confira abaixo a lista das cidades envolvidas.
- Brasil: Belo Horizonte/ Recife
- Indonésia: Bandung/ Surabaya
- Malásia: Iskandar / Melaka
- Nigéria: Abeokuta/ Lagos
- Filipinas: Cebu/ New Clark City
- África do Sul: Cape Town/ Durban/ Johannesburg
- Tailândia: Bangkok
- Turquia: Ankara/ Bursa/ Istanbul
- Vietnã: Ho Chi Minh City
Capacitando-as para enfrentar os desafios do futuro, o programa foi desenvolvido com a intenção de ajudar estas cidades em pleno processo de expansão urbana a atingir todo o seu potencial. Com estratégias flexíveis e adaptáveis a cada contexto específico, o programa abrange uma enorme variedade de tipologias e estruturas urbanas: de cidades de médio porte a megacidades, de cidades históricas a planos diretores que ainda nem saíram do papel. Seguindo a Agenda 2030 das Nações Unidas, chamada de Objetivos para um Desenvolvimento Urbano Sustentável (SDG), o Acordo de Paris sobre mudanças climáticas, o Quadro de Sendai sobre a Redução de Risco de Desastres Naturais e a Nova Agenda Urbana (NUA), o objetivo do programa é fornecer a estas cidades uma série de ferramentas para ajudá-las a superar os desafios do presente, promovendo o desenvolvimento de programas educacionais, de distribuição de renda, criação de empregos, redução das emissões de gases de efeito estufa e etc. Por exemplo, na cidade de Yangon, no Mianmar, o projeto em curso desenvolvido em parceira com a UN-Habitat está sendo chamado de “Projeto Participativo e Sustentável de Revitalização dos Espaços Públicos”, uma iniciativa que visa promover e desenvolver todo o potencial da cidade de Yangon através de uma série de projetos-piloto. Por meio de Assistência Técnica, o Programa para o Futuro das Cidades das Nações Unidas pretende instruir as autoridades locais e suas equipes de planejamento urbano através de iniciativas práticas.
Apadrinhado pelo Escritório de Relações Internacionais e Desenvolvimento Urbano do Reino Unido, o programa conta com uma série de diferentes parceiros em cada país. Como seu principal aliado, o UN-Habitat é responsável por fornecer assistência técnica e capacitação para as equipes locais, proporcionando as ferramentas necessárias para que estas possam melhor planejar e gerenciar a implementação de projetos que visam promover o desenvolvimento urbano e sustentável.
A Estratégia
Em sua estrutura, o projeto foi dividido em duas fases: a Fase de Desenvolvimento Estratégico e a Fase de Implementação. Enquanto a primeira fase compreende o planejamento propriamente dito, com a definição das bases projetuais e protocolos específicos, a segunda etapa é onde entra o acompanhamento e a assistência técnica fornecida pelas equipes de profissionais da UN-Habitat. Seguindo esta estrutura, o projeto está sendo desenvolvido simultaneamente em 19 cidades de 10 países diferentes ao redor do globo. Ao todo, 30 projetos estão sendo levados a cabo atualmente através do programa, os quais incluem desde projetos de planejamento urbano estratégico, passando por planos de gestão dos ciclos das águas, proteção do patrimônio histórico e construção de espaços públicos, etc. O envolvimento da UN-Habitat esteve focado no acompanhamento e assessoria técnica, principalmente no que se refere ao “lançamento das propostas e estratégias de atuação assim como para garantir o cumprimento dos principais objetivos do Programa e, em última instância, contribuindo para a implementação da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável”. Mais informações sobre o processo de projeto e as metodologias utilizadas durante a Fase de Desenvolvimento Estratégico encontram-se disponíveis no relatório completo publicado pela UN-Habitat.
A Plataforma
Com a principal finalidade de incentivar a troca de conhecimento e experiências ente as cidades participantes, a UN-Habitat criou a “plataforma de gestão do conhecimento”, uma ferramenta on-line desenvolvida para que todas as partes interessadas possam compartilhar informações facilmente com os demais parceiros do Programa para as Cidades do Futuro das Nações Unidas. Efetivamente, “a plataforma facilitará a maneira como as informações são coletadas, armazenadas e acessadas, e operará como um repositório de relatórios e informações úteis ”. Lançado inicialmente em julho do ano passado, a plataforma encontra-se em fase de testes e está sendo utilizado por todas as equipes envolvidas no projeto. Visando promover o desenvolvimento urbano inclusivo e sustentável das cidades em questão, o GFCP é uma ferramenta concebida para promover e garantir a implementação dos Objetivos para o Desenvolvimento Urbano Sustentável (SDG) e da Nova Agenda Urbana (NUA) das Nações Unidas, criando uma rede de compartilhamento de soluções urbanas, construindo assim uma comunidade de profissionais unida e atuante em busca por um futuro melhor para as nossas cidades.
Via UN-Habitat.
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